quinta-feira, dezembro 30, 2010

QUE VENHA 2011




Terminamos 2010 com notícias que abalaram todo planeta. Morte, destruição, crise financeira, novos paradigmas. Com a virada de ano essas notícias não serão apagadas dos noticiários, talvez virem arquivos velhos e gastos. Eu desejo a todos meus amigos que no próximo ano lutem muito. Lutem pela sua felicidade, lutem pela melhoria de sua situação financeira. Lutem pelos seus amores, mas acima de tudo, lutem para combater seus medos, seus temores, suas tristezas. Lutem para descobrir a raiz de todo e qualquer problema que lhes impeçam de serem pessoas felizes. Lutem por um mundo melhor. Não lutem contra a guerra, lutem pela paz. Eu desejo sinceramente que em 2011 todos possam olhar o mundo com mais carinho. Que saibamos que ao destruirmos o meio ambiente, estaremos destruindo futuras gerações. Estaremos destruindo a vida de nossos netos, bisnetos, tataranetos e assim sucessivamente. Espero que no próximo ano saibamos que o difícil se faz agora e o impossível um pouquinho depois. Espero sinceramente que a luz do entendimento se faça presente em todos os corações. Espero que terminem a luta incessante por um pedaço de terra. Eu desejo do fundo do coração que todos, todos entendam que o coração é o verdadeiro caminho da verdade, não o dinheiro e o poder, mas o afeto e amor. Gostaria de dizer ao mundo que nossos filhos precisam mais de nós e menos do tênis da moda ou a calça de grife. Gostaria de dizer a todos que a paz, a compreensão, a fé e a construção imediata de um mundo melhor poderia ser a grande prioridade para 2009. Eu desejo a todos meus amigos, que brilhem, amem, e que trabalhem para fazer desse mundo, um lugar encantado de se viver.

E que venha 2011

sexta-feira, dezembro 17, 2010

Obrigado, Lula



15/12/2010 17:26,  Por Frei Betto - do Rio de Janeiro
Lula
Lula conclui o mandato mais exitoso de um presidente brasileiro
Nunca antes na história deste país um metalúrgico havia ocupado a presidência da República. Quantos temores e terrores a cada vez que você se apresentava como candidato! Diziam que o PT, a ferro e fogo, implantaria o socialismo no Brasil.
Quanta esperança refletida na euforia que contaminou a Esplanada dos Ministérios no dia de sua posse! Decorridos oito anos, eis que a aprovação de seu governo alcança o admirável índice de 84% que o consideram ótimo e bom. Apenas 3% o reprovam.
O Brasil mudou para melhor. Cerca de 20 milhões de pessoas, graças ao Bolsa Família e outros programas sociais, saíram da miséria, e 30 milhões ingressaram na classe média. Ainda temos outros 30 milhões sobrevivendo sob o espectro da fome e quem sabe o Fome Zero, com seu caráter emancipatório, a tivesse erradicado se o seu governo não o trocasse pelo Bolsa Família, de caráter compensatório, e que até hoje não encontrou a porta de saída para as famílias beneficiárias.
Você resgatou o papel do Estado como indutor do desenvolvimento e, através dos programas sociais e da Previdência, promoveu a distribuição de renda que aqueceu o mercado interno de consumo. O BNDES tornou as grandes empresas brasileiras competitivas no mercado internacional. Tomara que no governo Dilma seja possível destinar recursos também a empreedimentos de pequeno e médio porte e favorecer nossas pesquisas em ciência e tecnologia.
Enquanto os países metropolitanos, afetados pela crise financeira, enxugam a liquidez do mercado e travam o aumento de salários, você ampliou o acesso ao crédito (R$ 1 trilhão disponíveis), aumentou o salário mínimo acima da inflação, manteve sob controle os preços da cesta básica e desonerou eletrodomésticos e carros. Hoje, 72% dos domicílios brasileiros possuem geladeira, televisor, fogão, máquina de lavar, embora 52% ainda careçam de saneamento básico.
Seu governo multiplicou o emprego formal, sobretudo no Nordeste, cuja perfil social sofre substancial mudança para melhor. Hoje, numa população de 190 milhões, 105 milhões são trabalhadores, dos quais 59,6% possuem carteira assinada. É verdade que, a muitos, falta melhor qualificação profissional. Contudo, avançou-se: 43,1% completaram o ensino médio e 11,1% o ensino superior.
Na política externa o Brasil afirmou-se como soberano e independente, livrando-se da órbita usamericana, rechaçando a ALCA proposta pela Casa Branca, apoiando a UNASUL e empenhando-se na unidade latino-americana e caribenha. Graças à sua vontade política, nosso país mira com simpatia a ascensão de novos governantes democráticos-populares na América Latina; condena o bloqueio dos EUA a Cuba e defende a autodeterminação deste país; investe em países da África; estreita relações com o mundo árabe; e denuncia a hipocrisia de se querer impedir o acesso do Irã ao urânio enriquecido, enquanto países vizinhos a ele, como Israel, dispõem de artefatos nucleares.
Seu governo, Lula, incutiu autoestima no povo brasileiro e, hoje, é admirado em todo o mundo. Poderia ter sido melhor se houvesse realizado reformas estruturais, como a agrária, a política e a tributária; determinado a abertura dos arquivos da ditadura em poder das Forças Armadas; duplicado o investimento em educação, saúde e cultura.
Nunca antes na história deste país um governo respaldou sua Polícia Federal para levar à cadeia dois governadores; prender políticos e empresários corruptos; combater com rigor o narcotráfico. Pena que o Plano Nacional dos Direitos Humanos 3 – quase um plágio dos 1 e 2 do governo FHC –tenha sido escanteado por preconceitos e covardia de ministros que o aprovaram previamente e não tiveram a honradez de defendê-lo quando escutaram protestos de vozes conservadoras.
Espero que o governo Dilma complemente o que faltou ao seu: a federalização dos crimes contra os direitos humanos; uma agenda mais agressiva em defesa da preservação ambiental, em especial da Amazônia; a melhoria do nosso sistema de saúde, tão deficiente que obriga 40 milhões de brasileiros a dependerem de planos de empresas privadas; a reforma das redes de ensino público municipais e estaduais.
Seu governo ousou criar, no ensino superior, o sistema de cotas; o ProUni e o ENEM; a ampliação do número de escolas técnicas; maior atenção às universidades federais. Mas é preciso que o governo Dilma cumpra o preceito constitucional de investir 8% do PIB em educação.
Obrigado, Lula, por jamais criminalizar movimentos sociais; preservar áreas indígenas como Raposa Serra do Sol; trazer Luz para Todos. Sim, sei que você não fez mais do que a obrigação. Para isso foi eleito. Mas considerando os demais governantes de nossa história republicana, tão reféns da elite e com nojo do “cheiro de povo”, como um deles confessou, há que reconhecer os avanços e méritos de sua administração.
Deus permita que, o quanto antes, você consiga desencarnar-se da presidência e voltar a ser um cidadão militante em prol do Brasil e de um mundo melhor.
Frei Betto é escritor, autor de “Calendário do Poder” (Rocco), entre outros livros. www.freibetto.org – twitter:@freibetto

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segunda-feira, dezembro 13, 2010

Wikileaks e os segredos americanos.

Jornalismo, carreira contraditória de quem se propõe a divulgar fatos, muitas vezes esses "fatos" são coloridos pela impressão e interesses do editor, do dono do jornal e da política a qual esta inserida à informação. A liberdade de imprensa é muito restrita. Discutir hoje o que é liberdade de imprensa, tem se tornado mola mestra dos grandes conglomerados de comunicação. Por isso minha admiração a WIKILEAKS. Este ano eu, como jornalista vejo o episódio da divulgação dos "Cables" ao mundo, uma grande e unica Pauta memorável. Lançar a informação e deixar que o leitor forme suas próprias opiniões, é louvável. Em geral, o povo tem um pouco de preguiça em tirar suas próprias conclusões e por isso alguns insistem em dizer que os jornalistas são formadores de opiniões. Isso deixa de ser verdade quando as pessoas tem acesso a fonte direta. E esta ferramenta a Wikileaks esta fornecendo. Eu confesso que estou fascinada por ver tanto material tirando a máscara da verdadeira política americana que é de manipulação, intrigas, fofoca, distorção dos fatos. Mesmo agora o governo dos Estados Unidos, culpam a Wikileaks pelo vazamento mas em momento algum eles questionam o material vazado. Sabemos, por instintos que a rede de informações americana sempre foi forte. Eu pessoalmente não sabia do trabalho dos embaixadores americanos. Imaginava que tudo se passasse através da CIA ou outra agência dos EUA. Caiu a máscara. A cara alegre, de fartura e prosperidade americana deu lugar a um rosto velho, triste e fofoqueiro. Quem é a Sra Hillary Clinton pra chamar a Presidente Argentina Cristina, de louca? Louca é ela, com as traições do marido e uma campanha perdida? A divulgação de tantos documentos é sinal do fins dos tempos. Desde a descoberta do mensalão, aqui no Brasil, fiquei otimista. Acredito que somente podemos ter uma visão nova se a antiga for visualizada claramente como realmente é, algo que já não nos serve mais. Fiquei tão otimista que senti vontade de me tornar um Hacker, de fazer página espelho da wikileaks. Só não fiz isso porque nessa guerra virtual entre a liberdade de informações e o gigante das manipulações(EUA), acredito que a liberdade esta vencendo. Mesmo com todo poder que os americanos possuem, não conseguiram tirar a página da wikileaks da web. Muito pelo contrário, foram construídos inúmeros espelhos dessa página. Milhares de pessoas circulando estas informações. Um verdadeiro exército. Quanto a prisão de Julian Assange, fundador do site, que diga-se de passagem, foi uma verdadeira armação, foram coletadas mais de 602.075 de assinaturas e o objetivo é chegar a um milhão, pró Wikileaks e exigindo respeito pela liberdade de imprensa. Novos ventos chegam em todas as partes trazendo novas idéias, novas posturas, novos conceitos. Para quem deseja olhar com atenção, eu recomendo que busquem diretamente no site,é muito mas seguro.

sábado, dezembro 11, 2010

Julian Assange e a sexualidade perigosa

Abaixo segue um texto de Juremir Machado. Como sempre há a ironia indexada na verdade.


"Julian Assange estuprou a correspondência secreta dos diplomatas espiões americanos.
Botou todo mundo de bunda de fora.
Estão tentando afetar duramente a retaguarda dele por causa disso.
Duas mulheres o acusam de assédio assexual e estupro.
Ele teria pressionado sexualmente o seu corpo contra o de uma delas.
Ambos estavam nus numa cama.
Outra o acuso de estupro.
Eles também estavam pelados numa cama.
A moça havia aceitado ceder seu patrimônio ao fundador do wikileaks.
Com uma condição: que ele usasse camisinha.
Ele teria consumado o ato sem preservativo.
Sabem como é, aquele entuasiamo, sim, não, sim, não...
Foi!
Noutro caso, se bem entendi, ou no mesmo, ele teria violado a moça, com a qual estava repousando pelado, enquanto ela dormia. Sem camisinha. Como se vê, são situações terríveis e moralmente comprometedoras.
O sujeito não se controla.
Promete uma coisa e faz outra.
Viola correspondência, moças nuas na sua cama e consciências iludidas.
Não respeita contratos.
Desnuda todo mundo.
Diz que vai usar camisinha e não usa.
Os tempos mudaram.
Estar pelado com alguém na cama não significa que está tudo liberado.
Não é só se instalar e ir entrando.
Precisa pedir licença.
Dar um amasso em alguém pode terminar em processo.
Nada disso, evidentemente, tem qualquer relação com a divulgação da correspondência secreta dos fofoqueiros oficiais norteamericanos pelo australiano impetuoso. É mera e triste coincidência. Surgiu agora por acaso.
Assange está comprometendo a reputação das moças e de uma das mais nobre atividades de todos os tempos: a fofoca diplomática. A espionagem oficial e pomposa agora terá mais dificuldades para se consumar.
Diplomata americano, a partir de hoje, só com camisinha.
Postado por Juremir Machado da Silva - 09/12/2010 09:59"

sábado, novembro 13, 2010

Considerações sobre a Feira do Livro em 2010 em Porto Alegre


Ontem vivi três momentos marcantes em visita a Feira do Livro em Porto Alegre. - O primeiro foi a participação no I Seminário Nacional de Crítica e literatura com os autores - Zuenir Ventura e Luiz Fernando Verissímo que abriram o evento. Quando soube que Luiz Fernando Verissímo iria participar das conversações, fiquei um pouco preocupada. É fato que tão ilustre autor sabe manusear palavras mas não gosta muito de articulá-las. Quanto a Zuenir, sempre foi e é bem falante. No início do bate-papo mediado por Roger Lerina, jornalista RBS, foi muito agradável. Ao contrário do que pensei, Luiz Fernando deu preciosas contribuições e gerou algumas boas risadas na platéia. Vendo ali, dois autores tão presentes comecei a pensar o quanto eles sempre fizeram parte da minha vida. Fui apaixonada por Érico Verissímo, quase ao mesmo tempo que curtia a paixão pelo filho Luiz Fernando. 
Eu tinha 16 anos e estudava no Instituto Educacional São José, vivíamos um tempo de ditadura. Na época eu vivia preocupada com meus pais, com minhas notas e de como pagaria uma faculdade. Um dia, na volta pra casa entrei na livraria do Globo( na época em que livraria era livraria mesmo e não shopping) e olhando os livros, abri um de LFV e li a história de Ed Morte. Comecei a rir até que um vendedor me alertou que os livros eram para ser comprados e não lidos impunimente. Lembro que sai da livraria com um sorriso no rosto e completamente despreocupada. Quanto a Zuenir, outra paixão...1968, o ano que não terminou. Foi a glória de alguém que estava entrando em contato com a repressão dos anos 80. Uma das contribuições a minha militância de esquerda. O tema da conversa girou sobre o último livro - Conversas sobre o tempo, análise e critica literária, alguma coisa sobre política. Zuenir falando que votou na Marina e LFV explicando por que votou na Dilma. Fiquei sabendo de posturas desses dois maravilhosos escritores, entre elas que sigo o homem errado. Sim, seguia Luiz Fernando Verissímo através do Twitter  e ontem ele esclareceu que não tem twitter. Também, soube pela boca de dois escritores consagrados, que não sou a única que sofre para escrever. Eles também. Realmente, apesar dos meus ímpetos, tive que agir com uma pacífica leitora e não gritar e nem fazer alarde do quanto sou apaixonada por ambos. Não pegaria bem.

- O segundo momento foi com Olívio Dutra e Judite. Um casal muito especial. Consegui depois de muita timidez, tirar uma foto com os dois. Disse a eles, que tive o privilégio de trabalhar na primeira gestão do PT aqui na prefeitura de Porto Alegre. Me senti um pouco como tiete mas Olívio e Judite, são um casal cuja descrição, me faltam adjetivos.
- O terceiro é último momento foi triste. Na saída, vimos um aparato de policiais, inclusive motorizados e uma multidão de pessoas. Tudo isso para conduzir até o posto da brigada militar na praça XV. A escritora Telma Sherer que é formada em filosofia, mestre em Literatura e autora de dois livros, de acordo com algumas pessoas, ela apareceu à tarde em meio às bancas, acorrentada pelo pescoço a uma casinha de cachorro e com um cartaz onde se lia "Não alimente o escritor", repleto de contas pagas pela artista. Uma situação que é conhecida por boa parte dos autores, aspirantes e desconhecidos. Foi lamentável o que  ocorreu mas também uma boa oportunidade para que os organizadores possam pensar na possibilidade de uma tribuna livre, onde o autor possa expressar seus descontentamentos também.  Infelizmente não temos em termos de literatura, um acesso rico e vasto pela população. Nosso país dá os primeiros passos para ampliar o acesso a educação resultando assim o em um número maior de leitores. Não é fácil, pra quem tem que pagar aluguel, comer, se vestir, poder ter a dedicação exclusiva na literatura como sonhos de muitos( meu inclusive). 
Desejo que as próximas edições da Feira do livro, esse material precioso, esteja mais acessível, que os preços caiam, que haja espaço para manifestações como a de Tania e que todas as coisas boas continuem e se ampliem.
Por fim, voltei pra casa junto com a minha filha, completamente esta encantada com o autográfo de Luiz Fernando Verissímo e eu feliz por ter vivido meu dia de tiete.

sábado, novembro 06, 2010

Calem a boca, Nordestinos

Leiam esse texto na íntegra, é magnífico!
Parabéns Jose Barbosa Junior!
 

Por José Barbosa Junior 

As eleições de 2010 trouxeram à tona, entre muitas outras coisas, o que há de pior no Brasil em relação aos preconceitos. Sejam eles religiosos, partidários, regionais, foram lançados à luz de maneira violenta, sádica e contraditória.

Já escrevi sobre os preconceitos religiosos em outros textos e a cada dia me envergonho mais do povo que se diz evangélico (do qual faço parte) e dos pilantras profissionais de púlpito, como Silas Malafaia, Renê Terra Nova e outros, que se venderam de forma absurda aos seus candidatos. A luta pelo poder ainda é a maior no meio do baixo-evangelicismo brasileiro.

Mas o que me motivou a escrever este texto foi a celeuma causada na internet, que extrapolou a rede mundial de computadores, pelas declarações da paulista, estudante de Direito, Mayara Petruso, alavancada por uma declaração no twitter: “Nordestino não é gente. Faça um favor a SP, mate um nordestino afogado!”.

Infelizmente, Mayara não foi a única. Vários outros “brasileiros” também passaram a agredir os nordestinos, revoltados com o resultado final das eleições, que elegeu a primeira mulher presidentE ou presidentA (sim, fui corrigido por muitos e convencido pelos “amigos” Houaiss e Aurélio) do nosso país.

E fiquei a pensar nas verdades ditas por estes jovens, tão emocionados em suas declarações contra os nordestinos. Eles têm razão!

Os nordestinos devem ficar quietos! Cale a boca, povo do Nordeste!

Que coisas boas vocês têm pra oferecer ao resto do país?

Ou vocês pensam que são os bons só porque deram à literatura brasileira nomes como o do alagoano Graciliano Ramos, dos paraibanos José Lins do Rego e Ariano Suassuna, dos pernambucanos João Cabral de Melo Neto e Manuel Bandeira, ou então dos cearenses José de Alencar e a maravilhosa Rachel de Queiroz?

Só porque o Maranhão nos deu Gonçalves Dias, Aluisio Azevedo, Arthur Azevedo, Ferreira Gullar, José Louzeiro e Josué Montello, e o Ceará nos presenteou com José de Alencar e Patativa do Assaré e a Bahia em seus encantos nos deu como herança Jorge Amado, vocês pensam que podem tudo?

Isso sem falar no humor brasileiro, de quem sugamos de vocês os talentos do genial  Chico Anysio, do eterno trapalhão Renato Aragão, de Tom Cavalcante e até mesmo do palhaço Tiririca, que foi eleito o deputado federal mais votado pelos… pasmem… PAULISTAS!!!

E já que está na moda o cinema brasileiro, ainda poderia falar de atores como os cearenses José Wilker, Luiza Tomé, Milton Moraes e Emiliano Queiróz, o inesquecível Dirceu Borboleta, ou ainda do paraibano José Dumont ou de Marco Nanini, pernambucano.

Ah! E ainda os baianos Lázaro Ramos e Wagner Moura, que será eternizado pelo “carioca” Capitão Nascimento, de Tropa de Elite, 1 e 2.

Música? Não, vocês nordestinos não poderiam ter coisa boa a nos oferecer, povo analfabeto e sem cultura…

Ou pensam que teremos que aceitar vocês por causa da aterradora simplicidade e majestade de Luiz Gonzaga, o rei do baião? Ou das lindas canções de Nando Cordel e dos seus conterrâneos pernambucanos Alceu Valença, Dominguinhos, Geraldo Azevedo e Lenine? Isso sem falar nos paraibanos Zé e Elba Ramalho e do cearense Fagner…

E Não poderia deixar de lembrar também da genial família Caymmi e suas melofias doces e baianas a embalar dias e noites repletas de poesia…

Ah! Nordestinos…
Além de tudo isso, vocês ainda resistiram à escravatura. E foi daí que nasceu o mais famoso quilombo, símbolo da resistência dos negros à força opressora do branco que sabe o que é melhor para o nosso país. Por que vocês foram nos dar Zumbi dos Palmares? Só para marcar mais um ponto na sofrida e linda história do seu povo?
Um conselho, pobres nordestinos. Vocês deveriam aprender conosco, povo civilizado do sul e sudeste do Brasil. Nós, sim, temos coisas boas a lhes ensinar.
Por que não aprendem conosco os batidões do funk carioca? Deveriam aprender e ver as suas meninas dançarem até o chão, sendo carinhosamente chamadas de “cachorras”. Além disso, deveriam aprender também muito da poesia estética e musical de Tati Quebra-Barraco, Latino e Kelly Key. Sim, porque melhor que a asa branca bater asas e voar, é ter festa no apê e rolar bundalelê!
Por que não aprendem do pagode gostoso de Netinho de Paula? E ainda poderiam levar suas meninas para “um dia de princesa” (se não apanharem no caminho)! Ou então o rock melódico e poético de Supla! Vocês adorariam!!!
Mas se não quiserem, podemos pedir ao pessoal aqui do lado, do Mato Grosso do Sul, que lhes exporte o sertanejo universitário… coisa da melhor qualidade!
Ah! E sem falar numa coisa que vocês tem que aprender conosco, povo civilizado, branco e intelectualizado: explorar bem o trabalho infantil! Vocês não sabem, mas na verdade não está em jogo se é ou não trabalho infantil (isso pouco vale pra justiça), o que importa mesmo é o QUANTO esse trabalho infantil vai render. Ou vocês não perceberam ainda que suas crianças não podem trabalhar nas plantações, nas roças, etc. porque isso as afasta da escola e é um trabalho horroroso e sujo, mas na verdade, é porque ganha pouco. Bom mesmo é a menina deixar de estudar pra ser modelo e sustentar os pais, ou ser atriz mirim ou cantora e ter a sua vida totalmente modificada, mesmo que não tenha estrutura psicológica pra isso… mas o que importa mesmo é que vão encher o bolso e nunca precisarão de Bolsa-família, daí, é fácil criticar quem precisa!
Minha mensagem então é essa: – Calem a boca, nordestinos!
Calem a boca, porque vocês não precisam se rebaixar e tentar responder a tantos absurdos de gente que não entende o que é, mesmo sendo abandonado por tantos anos pelo próprio país, vocês tirarem tanta beleza e poesia das mãos calejadas e das peles ressecadas de sol a sol.
Calem a boca, e deixem quem não tem nada pra dizer jogar suas palavras ao vento. Não deixem que isso os tire de sua posição majestosa na construção desse povo maravilhoso, de tantas cores, sotaques, religiões e gentes.
Calem a boca, porque a história desse país responderá por si mesma a importância e a contribuição que vocês nos legaram, seja na literatura, na música, nas artes cênicas ou em quaisquer situações em que a força do seu povo falou mais alto e fez valer a máxima do escritor: “O sertanejo é, antes de tudo, um forte!”
Que o Deus de todos os povos, raças, tribos e nações, os abençoe, queridos irmãos nordestinos!
 
 

terça-feira, novembro 02, 2010

Que saudades da minha Porto Alegre

Neste domingo, dia das eleições, depois de votar fui com a minha filha visitar a Feira do livro. Em todo percurso comecei a observar o quanto Porto Alegre esta diferente dos anos 90. Vi ruas sujas, moradores de rua em todos lugares, terminal de ônibus, praças. Jardins públicos mal cuidados. Uma Porto Alegre cinza. Não quero  parecer saudosista mas eu tinha muito orgulho da minha cidade. Mas afnal, o que esta acontecendo. O número de moradores de rua aumentou? Porque? Falta verba para iluminação pública, para manutenção de praças e jardins? Pagamos impostos, onde este dinheiro esta sendo aplicado? As políticas públicas não deveriam se direcionar para o povo mais carente? Não sei o que vem ocorrendo. Passei em um dos condominios feitos pela prefeitura ali quase na esquina da princesa Isabel e antes bonito e bem cuidado agora estava envelhecido, desfigurado. Ai entra não apenas a questão da prefeitura mas a própria cultura de um povo. Os moradores também são responsáveis pelo bom funcionamento da sua cidade. Principios básicos. A pobreza não pode ser motivo para desleixo. Além disso chegando a Feira do Livro pude constatar o absurdo dos preços dos livros, 50, 40, 39. Os livros baratos eram os usados. Cheguei a ver livros que custavam mais de 70 reais. Que cultura é essa que não privilegia a leitura. Fala-se muito em pirataria. Mas isso acontece pelos absurdos preços cobrados. Vi muita gente na feira mas poucos com sacolas. Os livros que gostaria de comprar sairiam mais de 200 reais. Um valor alto pra mim que sou jornalista(ganho Pouco). A nossa sociedade somente vai evoluir quando se voltar á educação, cultura, valores. Enquanto isso, quem ganha casa da prefeitura não dá o devido valor. Quem paga imposto não vê a aplicação disso em politicas sociais e se depara com ruas e praças sujas. Como tenho saudades da minha antiga Porto Alegre, aquela em que o grande poeta Mario Quintana dizia.......
Olho o mapa da cidade
Como quem examinasse
A anatomia de um corpo...
(É nem que fosse o meu corpo!)
Sinto uma dor infinita
Das ruas de Porto Alegre
Onde jamais passarei...
Há tanta esquina esquisita,
Tanta nuança de paredes,
Há tanta moça bonita
Nas ruas que não andei
(E há uma rua encantada
Que nem em sonhos sonhei...)
Quando eu for, um dia desses,
Poeira ou folha levada
No vento da madrugada,
Serei um pouco do nada
Invisível, delicioso
Que faz com que o teu ar
Pareça mais um olhar,
Suave mistério amoroso,
Cidade de meu andar
(Deste já tão longo andar!)
E talvez de meu repouso...

quinta-feira, outubro 28, 2010

Minhas últimas considerações sobre a eleição para presidência da República

Estava lendo o artigo publicado no  blog de Brizola Neto e reproduzido em Conversa afiada por Paulo Henrique Amorim que a Folha de Sâo Paulo prepara mais um golpe contra Dilma Rousseff. O Argumento é que a Folha pretende mostrar ao povo brasileiro, a ficha de Dilma durante a ditadura. Isso me faz pensar em meus valores e minhas lutas. O Jornal Folha de Sâo Paulo é um grande patrocinador do neoliberalismo no Brasil, eu diria um grande porta-voz na manutenção de um país governado por uma elite sobrevivente da miséria da população. Não só a Folha, há um conjunto forte de redes de comunicação como a revista Veja, a Rede Globo de televisão e todos os veículos comprometidos com o capital. Mas voltando ao assunto, que Dilma possa ter sido guerrilheira, ela nunca negou. Que foi torturada, presa, todos sabem. O que me surpreende é que o jornal faça uso disso para convencer o eleitor de que vale a pena votar no bom moço chamado José Serra. Falando um pouco de meus valores pessoais - a glória da igreja não me impressiona, o currículo de "Certinho" me trás grandes desconfianças e por isso a comparação. José Serra, quando iniciou a ditadura no Brasil, Serra não lutou, ele fugiu. Foi pro Chile, trocou de faculdade, se casou, começou uma vida muito responsável. Dilma, na época tinha 19 anos, entrou para uma organização clandestina, combateu a ditadura, foi torturada e jamais fugiu da sua ideologia. Serra apregoa que foi preso também no Chile e conseguiu fugir através do uso de um paletó. Chega a ser hilário. Os chilenos tentaram deportá-lo porém, um Senador americano intercedeu e ele foi para os Estados Unidos. Essa parte da história de Serra me deixa muito confusa. Toda a esquerda latina americana sabia que foram os EE.UU os patrocinadores oficiais de todos os golpes em nosso continente. As técncas de tortura foram trazidas pela CIA e aperfeiçoadas em solo brasileiro. Como então, um jovem é auxiliado por um senador americano e ainda segue para os Estados Unidos. Uma das alternativas em que pensei é que os EE.UU precisavam preparar muito bem a direita no Brasil e nada melhor do que usar a história triste e de lutas de um pseudo-militante de esquerda. Nesse sentido Serra jamais decepcionu. Se aliou a Fernando Henrique Cardoso e voltou ao Brasil no momento certo. Dilma jamais saiu do Brasil, construiu sua vida na base da militância e da ideologia. Não foi ajudada por nenhum americano. Lembro da época do PDT, partido onde esteve um bom tempo junto ao seu ex-marido, na época Deputado Carlos Araújo. Eles eram conhecidos como a "Esquerda" do PDT. Vejo nas propagandas eleitorais, a campanha de Serra dizendo que tem história. Realmente tem, história de fugas, de não términos de mandatos, de alianças com a grande imprensa, em fraudes visuais e não podemos esquecer que a partir dessa eleição, terá também história de agressão para constar na sua biografia - sim, uma bolinha de papel pode se transformar em um bloco de concreto de acordo com a velocidade atingida. Quanto a Dilma, desde os 19 anos lutando por seu espaço e aplicando na sua vida todas as suas crenças pessoais. Hoje, ela tem mais de 60 anos, uma filha, um neto, um ex-marido que a elogia e lamenta não estar com ela neste momento. Politicamente, ela ganhou apoio de um presidente nordestino, sem curso superior, mas que conseguiu índices de aprovação popular que nenhum outro presidente "doutor" conseguiu. Lula não é burro, é muito sábio e viu uma mulher que poderia continuar a tragetória de um Brasil melhor. Existe corrupção no governo federal? Existe. Os partidos são formados por pessoas e pessoas são corruptíveis. A grande diferença entre o PT e os partidos de centro-direita é que há punição para essas pessoas. As coisas não ficam sem apunição interna. É óbvio que o Brasil precisa melhorar em todas as áreas, saúde, educação, segurança...Mas também é óbvio que os primeiros passos já foram dados. Quanto a folha de Sâo Paulo, se o que os analistas acreditam, for realmente publicado neste dia 29, eu terei mais um motivo para votar em Dilma.

segunda-feira, outubro 11, 2010

Mensalão da editora Abril da Veja? Chefão da Veja confessa apoio a Serra

Altamiro Borges *

Adital -
Na semana passada, durante o MaxiMídia - Fórum Internacional de Marketing e Comunicação, em São Paulo, o presidente do Conselho da Editora Abril, Roberto Civita, defendeu abertamente o ativismo político dos meios de comunicação e elogiou o Estadão, que manifestou seu apoio ao demotucano José Serra em editorial. Segundo reportagem do Portal Imprensa, no painel "Papo de CEO", o capo da famíglia Civita confessou o que só os ingênuos não sabiam: "O jornal [Estadão], assim como a maioria da imprensa, tem seguido durante toda a cobertura das eleições a premissa de que José Serra tem melhores condições que Dilma para assumir a presidência do Brasil". O chefão da Abril, que edita a escrota Veja, afirmou que "considera mais difícil os meios de comunicação assumirem uma cobertura neutra sobre a política no país. Civita também defendeu no encontro a liberdade de imprensa e criticou qualquer autorregulamentaçao por parte dos veículos. ‘Cada empresa deve se regulamentar', concluiu", relata o Portal.
O promíscuo "ativismo político" A confissão de Roberto Civita deveria servir de puxão de orelha para muitas pessoas - inclusive "inocentes" jornalistas - que ainda acreditam numa pretensa neutralidade da mídia. A revista Veja, "assim como a maioria da imprensa", tem lado. Defende, aberta ou sutilmente, interesses políticos e econômicos de classe da elite burguesa. Na disputa presidencial em curso, ela aposta todas as suas fichas em José Serra, sem qualquer escrúpulo ou imparcialidade.
No caso da Veja, seu "ativismo político" ocorre inclusive por motivos comerciais bem sinistros. Os tucanos mantêm uma relação promíscua, que cheira corrupção, com a famíglia Civita. Uma simples Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) poderia até levar ao fechamento desta editora, por suas relações patrimonialistas que sugam os cofres públicos. Se a Dra. Sandra Cureau, vice-procuradora regional eleitoral, fosse mais séria, as contas da Abril resultariam num escândalo.
O "mensalão" pago pelos tucanos
Repito, até a exaustão, um levantamento feito pelo blog NaMariaNews, uma excelente fonte de informação sobre os negócios do atual governo paulista na área de educação. Numa minuciosa pesquisa aos editais publicados no Diário Oficial, o blog descobriu o que parece ser um autêntico "mensalão" pago pelo tucanato ao Grupo Abril. Veja algumas das mamatas:
- DO [Diário Oficial] de 23 de outubro de 2007. Fundação Victor Civita. Assinatura da revista Nova Escola, destinada às escolas da rede estadual. Prazo: 300 dias. Valor: R$ 408.600,00. Data da assinatura: 27/09/2007. No seu despacho, a diretora de projetos especial da secretaria declara ‘inexigível licitação, pois se trata de renovação de 18.160 assinaturas da revista Nova Escola'.
- DO de 29 de março de 2008. Editora Abril. Aquisição de 6.000 assinaturas da revista Recreio. Prazo: 365 dias. Valor: R$ 2.142.000,00. Data da assinatura: 14/03/2008.
- DO de 23 de abril de 2008. Editora Abril. Aquisição de 415.000 exemplares do Guia do Estudante. Prazo: 30 dias. Valor: R$ 2.437.918,00. Data da assinatura: 15/04/2008.
- DO de 12 de agosto de 2008. Editora Abril. Aquisição de 5.155 assinaturas da revista Recreio. Prazo: 365 dias. Valor: R$ 1.840.335,00. Data da assinatura: 23/07/2008.
- DO de 22 de outubro de 2008. Editora Abril. Impressão, manuseio e acabamento de 2 edições do Guia do Estudante. Prazo: 45 dias. Valor: R$ 4.363.425,00. Data da assinatura: 08/09/2008.
- DO de 25 de outubro de 2008. Fundação Victor Civita. Aquisição de 220.000 assinaturas da revista Nova Escola. Prazo: 300 dias. Valor: R$ 3.740.000,00. Data da assinatura: 01/10/2008.
- DO de 11 de fevereiro de 2009. Editora Abril. Aquisição de 430.000 exemplares do Guia do Estudante. Prazo: 45 dias. Valor: R$ 2.498.838,00. Data da assinatura: 05/02/2009.
- DO de 17 de abril de 2009. Editora Abril. Aquisição de 25.702 assinaturas da revista Recreio. Prazo: 608 dias. Valor: R$ 12.963.060,72. Data da assinatura: 09/04/2009.
- DO de 20 de maio de 2009. Editora Abril. Aquisição de 5.449 assinaturas da revista Veja. Prazo: 364 dias. Valor: R$ 1.167.175,80. Data da assinatura: 18/05/2009.
- DO de 16 de junho de 2009. Editora Abril. Aquisição de 540.000 exemplares do Guia do Estudante e de 25.000 exemplares da publicação Atualidades - Revista do Professor. Prazo: 45 dias. Valor: R$ 3.143.120,00. Data da assinatura: 10/06/2009.
Negócios de R$ 34,7 milhões
Somente com as aquisições de quatro publicações "pedagógicas" e mais as assinaturas da Veja, o governo tucano de José Serra transferiu, dos cofres públicos para as contas do Grupo Civita, R$ 34.704.472,52 (34 milhões, 704 mil, 472 reais e 52 centavos). A maracutaia é tão descarada que o Ministério Público Estadual já acolheu representação do deputado federal Ivan Valente (PSOL-SP) e abriu o inquérito civil número 249 para apurar irregularidades no contrato firmado entre o governo paulista e a Editora Abril na compra de 220 mil assinaturas da revista Nova Escola.
Esta "comprinha" representa quase 25% da tiragem total da revista Nova Escola e injetou R$ 3,7 milhões aos cofres do ‘barão da mídia' Victor Civita. Mas este não é o único caso de privilégio ao Grupo Abril. O tucano Serra também apresentou proposta curricular que obriga a inclusão no ensino médio de aulas baseadas nas edições encalhadas do ‘Guia do Estudante', outra publicação do grupo. Como observou o deputado Ivan Valente, "cada vez mais, a Editora ocupa espaço nas escolas de São Paulo. Isso totaliza, hoje, cerca de R$ 10 milhões de recursos públicos destinados a esta instituição privada, considerando apenas o segundo semestre de 2008".

* Jornalista, membro do Comitê Central do PCdoB - Partido Comunista do Brasil
 
 Fonte - http://www.adital.com.br/site/noticia.asp?lang=PT&cod=51588

Serra tem razão - Dilma mostrou quem é.

Assisti ontem o debate da Band e fiquei orgulhosa de ver a reação de Dilma. Em certo ponto do debate serra disse que estava surpreso com a "agressividade" de Dilma. Além de Serra, como tão bem pontuou Nassif através do twitter, só saber das coisas através de manchetes de jornais e jamais se apronfundar no conteúdo, ele também desconhece Dilma. Dilma é uma mulher forte, com personalidade, decidida e que tem o dom para  administra. É culta, bem preparada e acredito que ontem foi mais incisiva contra Jose Serra porque cansou de ser saco de pancada do PSDB. Tenho lido e recebido diversos e-mails que mostram uma campanha suja, asquerosa, coroada por calúnias - a própria mulher de Serra disse que Dilma matava criancinhas. Que campanha é essa que utiliza este tipo de postura. Que candidato sério é esse? Ontem, fiquei orgulhosa de Dilma, sendo mulher, não é fácil se bancar na linha de frente. O presidente Lula tem sido um governante popular e reconhecido no mundo todo, desde Obama até Zapatero na Espanha. Governantes que escrevem sobre ele e admiram seu trabalho. Aqui no Brasil, tem 80% de aprovação popular depois de oito anos de mandato. Isso é uma coisa inédita na politica brasileira. Lula escolheu Dilma, porque? Porque ele viu, constatou e provou que entre seus ministros, ela era a mais preparada para governar. Não adianta a direita brasileira através de José Serra afirmar o contrário. Dilma é uma mulher firme e forte. Ontem durante o debate, vários pontos sobre Serra ficaram sem resposta - Serra fala tanto em corrupção, onde esta seu assessor que fugiu com quatro milhões de sua campanha? Porque não respondeu a afirmação de Dilma quanto a sua esposa Mônica Serra? Serra fala em educação mas manda bater em professores em São Paulo. Porque as enchentes de São Paulo continuam destruindo tudo? Como um homem que deseja governar um país do tamanho do Brasil não consegue resolver um problema de enchente em seu próprio estado? Onde estão os índices que provam que o número de assassinatos em São Paulo diminuiram durante seu governo? Tem muito mais coisa para se perguntar a José Serra, porque um homem que fugiu da ditadura, primeiro foi para o Chile e depois para os Estados Unidos, país que financiava a ditadura em toda América Latina? Como um homem a esquerda vai para um lugar que massacra seu país de nascimento com bolsa de estudos? Ou os Estados Unidos não sabia quem era José Serra, ou Serra não é a pessoa que diz ser.
Sei que os pequenos partidos de esquerda como PSOL, PSTU, PCO estão chamando voto nulo. Eu sou de esquerda e tenho que me pronunciar. Voto em Dilma porque entre dois projetos, o projeto do PT é melhor. Aqui no RS, tivemos recentemente uma experiência com o governo do PSDB através da Senhora Yeda Crusius, foi desastroso. Não quero mais essa experiência para o Brasil. Neste domingo, muitas afirmações do candidato Jose Serra me chocaram, quando ele não sabia responder as indagações de Dilma, ele mudava de assunto e falava em corrupção, comparava Dilma a Fernando Collor. Collor foi fruto de marketing apoiado pela rede globo de televisão, a mesma emissora que agora se lança na campanha de Serra. Marketing não é um conceito ultrapassado, ele é usado para anunciar um produto novo, cabe ao produto ser bom ou não. No caso de Collor, era podre. Serra diz que todo mundo sabe a vida dele, mentira. Ele foge do aprofundamento de qualquer questão. Ontem mesmo, ele disse que foi para o Chile e depois para o "exterior". Porque não assumiu que se formou  com bolsa nos Estados Unidos. A USP é uma das maiores universidades do país, durante uma greve que aconteceu durante a gestão de Jose Serra, ele colocou a policia em campo. Não falou e tão pouco tentou ter um projeto. A Solução que ele dá a problemas sérios é bater e agredir.  Ele foge dos problemas quando tem crise politica, assim como fugiu do Brasil. Dilma ficou e lutou. Foi presa e torturada enquanto Serra estava se divertindo nos EUA. Este é Jose Serra. Estou realmente feliz por Serra finalmente saber quem é Dilma.

sexta-feira, outubro 08, 2010

Estadão demite Maria Rita Kehl por artigo defendendo bolsa-família

Maria Rita Kehl: "Fui demitida por um 'delito' de opinião"

Bob Fernandes


A psicanalista Maria Rita Kehl foi demitida pelo Jornal O Estado de S. Paulo depois de ter escrito, no último sábado (2), artigo sobre a "desqualificação" dos votos dos pobres. O texto, intitulado "Dois pesos...", gerou grande repercussão na internet e mídias sociais nos últimos dias.


Nesta quinta-feira (7), ela falou a Terra Magazine sobre as consequências do seu artigo:

- Fui demitida pelo jornal o Estado de S. Paulo pelo que consideraram um "delito" de opinião (...) Como é que um jornal que anuncia estar sob censura, pode demitir alguém só porque a opinião da pessoa é diferente da sua?

Leia abaixo a entrevista.


Terra Magazine - Maria Rita, você escreveu um artigo no jornal O Estado de S.Paulo que levou a uma grande polêmica, em especial na internet, nas mídias sociais nos últimos dias. Em resumo, sobre a desqualificação dos votos dos pobres. Ao que se diz, o artigo teria provocado conseqüências para você...

Maria Rita Kehl - E provocou, sim...

- Quais?

- Fui demitida pelo jornal O Estado de S.Paulo pelo que consideraram um "delito" de opinião.

- Quando?

- Fui comunicada ontem (quarta-feira, 6).

- E por qual motivo?

- O argumento é que eles estavam examinando o comportamento, as reações ao que escrevi e escrevia, e que, por causa da repercussão (na internet), a situação se tornou intolerável, insustentável, não me lembro bem que expressão usaram.

- Você chegou a argumentar algo?

- Eu disse que a repercussão mostrava, revelava que, se tinha quem não gostasse do que escrevo, tinha também quem goste. Se tem leitores que são desfavoráveis, tem leitores que são a favor, o que é bom, saudável...

- Que sentimento fica para você?

- É tudo tão absurdo... A imprensa que reclama, que alega ter o governo intenções de censura, de autoritarismo...

- Você concorda com essa tese?

- Não, acho que o presidente Lula e seus ministros cometem um erro estratégico quando criticam, quando se queixam da imprensa, da mídia, um erro porque isso, nesse ambiente eleitoral pode soar autoritário, mas eu não conheço nenhuma medida, nenhuma ação concreta, nunca ouvi falar de nenhuma ação concreta para cercear a imprensa. Não me refiro a debates, frases soltas, falo em ação concreta, concretizada. Não conheço nenhuma, e, por outro lado...

- ...Por outro lado...?

- Por outro lado a imprensa que tem seus interesses econômicos, partidários, demite alguém, demite a mim, pelo que considera um "delito" de opinião. Acho absurdo, não concordo, que o dono do Maranhão (senador José Sarney) consiga impor a medida que impôs ao jornal O Estado de S.Paulo, mas como pode esse mesmo jornal demitir alguém apenas porque expôs uma opinião? Como é que um jornal que está, que anuncia estar sob censura, pode demitir alguém só porque a opinião da pessoa é diferente da sua?

- Você imagina que isso tenha algo a ver com as eleições?

- Acho que sim. Isso se agravou com a eleição, pois, pelo que eles me alegaram agora, já havia descontentamento com minhas análises, minhas opiniões políticas.

quarta-feira, outubro 06, 2010

Esquerda e direita, tudo como sempre no front das ideologias

Artigo escrito pelo jornalista Juremir Machado e publicado no jornal Correio do Povo em 06.10.2010

"A direita brasileira adora afirmar que não há mais direita e esquerda. Imediatamente passa a criticar a esquerda. Conclui-se que no Brasil só haveria esquerda. A direta se vê como não ideológica, a pura expressão da verdade. Nos Estados Unidos, seria o contrário: há direita, mas quem é mesmo a esquerda? Na Alemanha, todo mundo quer ser de centro. Na França, direita e esquerda designam-se como tal. Um parlamentar, na televisão, diz: “Nós da direita...” Em Israel, direita e esquerda representam projetos cristalinos. A campanha eleitoral brasileira revelou que o Brasil tem direita e esquerda bem definidas: PSDB e PT. Tem também extrema-direita e extrema-esquerda: Dem, PP, PSOL, PSTU, PCO. Também não falta centro (direita ou esquerda): PTB, PMDB, PV, PDT.
Apenas dois partidos têm projetos nacionais: PT e PSDB. O PMDB oscila entre eles de acordo com as conveniências, com ligeira inclinação à esquerda e grande inclinação para os cargos. Os tucanos, ao firmarem pacto com o Dem, resvalaram para o discurso reacionário típico da UDN dos anos 1950. O último governo de Getúlio Vargas, que acabou no suicídio do presidente, foi de centro-esquerda. Não havia bolsa-família. Mas Getúlio assinou um aumento de 100% para o salário mínimo e criou a Petrobrás, frustrando os interesses de multinacionais e de seus parceiros nacionais. Restou para a direita o discurso “moralista” contra a corrupção. A “Tribuna de Imprensa”, de Carlos Lacerda, era a “Veja” da época. O Estado de S. Paulo era o Estadão conservador de sempre.
A corrupção sempre deve ser denunciada. Impiedosamente. Pode-se, no entanto, perguntar: quando termina a denúncia e começa a campanha política disfarçada de jornalismo investigativo? O truque consiste em transformar o que é pontual em total. Converte-se um sinal na pele em sintoma de uma metástase. Já ouviram falar em metonímia? É uma figura de linguagem pela qual, segundo o Aurélio, entre outras coisas, a parte pode representar o todo. Direita e esquerda usam esse mesmo recurso: se a parte sabe, o todo sabe. Se a parte está contaminada, o todo também. Em geral, é pura inferência. Como dizia Balzac, para a imprensa tudo o que é provável (verossímil) é verdadeiro. Os fatos nem sempre concordam.
A direita brasileira recusa-se a assumir-se como direita. De quebra, tenta convencer a esquerda a negar-se. O PSDB bem que podia dar um bom exemplo e admitir que se tornou de direita. É legítimo. Essa conversa de que esquerda e direita são termos e expressões ultrapassadas está ultrapassada. Foi um golpezinho retórico dos anos hegemônicos do neoliberalismo. Caducou. Fez parte de uma guerra ideológica e de marketing. Todo tucano adora pensar que é racional e que só o seu adversário tem ideologia. Os tucanos acham que as ideias dos outros são opiniões, enquanto as suas seriam constatações. Há petistas, por seu turno, que gostam de imaginar que têm projetos, enquanto os outros só teriam interesses. A eleição foi categórica: esquerda e direita em confronto."


DOIS PESOS…

Maria Rita Kehl proibida de escrever sobre política no Estadão. por causa deste artigo:

Este jornal teve uma atitude que considero digna: explicitou aos leitores que apoia o candidato Serra na presente eleição. Fica assim mais honesta a discussão que se faz em suas páginas. O debate eleitoral que nos conduzirá às urnas amanhã está acirrado. Eleitores se declaram exaustos e desiludidos com o vale-tudo que marcou a disputa pela Presidência da República. As campanhas, transformadas em espetáculo televisivo, não convencem mais ninguém. Apesar disso, alguma coisa importante está em jogo este ano. Parece até que temos luta de classes no Brasil: esta que muitos acreditam ter sido soterrada pelos últimos tijolos do Muro de Berlim. Na TV a briga é maquiada, mas na internet o jogo é duro.

Se o povão das chamadas classes D e E – os que vivem nos grotões perdidos do interior do Brasil – tivesse acesso à internet, talvez se revoltasse contra as inúmeras correntes de mensagens que desqualificam seus votos. O argumento já é familiar ao leitor: os votos dos pobres a favor da continuidade das políticas sociais implantadas durante oito anos de governo Lula não valem tanto quanto os nossos. Não são expressão consciente de vontade política. Teriam sido comprados ao preço do que parte da oposição chama de bolsa-esmola.
Uma dessas correntes chegou à minha caixa postal vinda de diversos destinatários. Reproduzia a denúncia feita por “uma prima” do autor, residente em Fortaleza. A denunciante, indignada com a indolência dos trabalhadores não qualificados de sua cidade, queixava-se de que ninguém mais queria ocupar a vaga de porteiro do prédio onde mora. Os candidatos naturais ao emprego preferiam viver na moleza, com o dinheiro da Bolsa-Família. Ora, essa. A que ponto chegamos. Não se fazem mais pés de chinelo como antigamente. Onde foram parar os verdadeiros humildes de quem o patronato cordial tanto gostava, capazes de trabalhar bem mais que as oito horas regulamentares por uma miséria? Sim, porque é curioso que ninguém tenha questionado o valor do salário oferecido pelo condomínio da capital cearense. A troca do emprego pela Bolsa-Família só seria vantajosa para os supostos espertalhões, preguiçosos e aproveitadores se o salário oferecido fosse inconstitucional: mais baixo do que metade do mínimo. R$ 200 é o valor máximo a que chega a soma de todos os benefícios do governo para quem tem mais de três filhos, com a condição de mantê-los na escola.
Outra denúncia indignada que corre pela internet é a de que na cidade do interior do Piauí onde vivem os parentes da empregada de algum paulistano, todos os moradores vivem do dinheiro dos programas do governo. Se for verdade, é estarrecedor imaginar do que viviam antes disso. Passava-se fome, na certa, como no assustador Garapa, filme de José Padilha. Passava-se fome todos os dias. Continuam pobres as famílias abaixo da classe C que hoje recebem a bolsa, somada ao dinheirinho de alguma aposentadoria. Só que agora comem. Alguns já conseguem até produzir e vender para outros que também começaram a comprar o que comer. O economista Paul Singer informa que, nas cidades pequenas, essa pouca entrada de dinheiro tem um efeito surpreendente sobre a economia local. A Bolsa-Família, acreditem se quiserem, proporciona as condições de consumo capazes de gerar empregos. O voto da turma da “esmolinha” é político e revela consciência de classe recém-adquirida.
O Brasil mudou nesse ponto. Mas ao contrário do que pensam os indignados da internet, mudou para melhor. Se até pouco tempo alguns empregadores costumavam contratar, por menos de um salário mínimo, pessoas sem alternativa de trabalho e sem consciência de seus direitos, hoje não é tão fácil encontrar quem aceite trabalhar nessas condições. Vale mais tentar a vida a partir da Bolsa-Família, que apesar de modesta, reduziu de 12% para 4,8% a faixa de população em estado de pobreza extrema. Será que o leitor paulistano tem ideia de quanto é preciso ser pobre, para sair dessa faixa por uma diferença de R$ 200? Quando o Estado começa a garantir alguns direitos mínimos à população, esta se politiza e passa a exigir que eles sejam cumpridos. Um amigo chamou esse efeito de “acumulação primitiva de democracia”.
Mas parece que o voto dessa gente ainda desperta o argumento de que os brasileiros, como na inesquecível observação de Pelé, não estão preparados para votar. Nem todos, é claro. Depois do segundo turno de 2006, o sociólogo Hélio Jaguaribe escreveu que os 60% de brasileiros que votaram em Lula teriam levado em conta apenas seus próprios interesses, enquanto os outros 40% de supostos eleitores instruídos pensavam nos interesses do País. Jaguaribe só não explicou como foi possível que o Brasil, dirigido pela elite instruída que se preocupava com os interesses de todos, tenha chegado ao terceiro milênio contando com 60% de sua população tão inculta a ponto de seu voto ser desqualificado como pouco republicano.
Agora que os mais pobres conseguiram levantar a cabeça acima da linha da mendicância e da dependência das relações de favor que sempre caracterizaram as políticas locais pelo interior do País, dizem que votar em causa própria não vale. Quando, pela primeira vez, os sem-cidadania conquistaram direitos mínimos que desejam preservar pela via democrática, parte dos cidadãos que se consideram classe A vem a público desqualificar a seriedade de seus votos.

terça-feira, outubro 05, 2010

Dez falsos motivos para não votar na Dilma

Reproduzo aqui, na íntegra um artigo escrito por Jorge Furtado, um dos diretores da Casa de Cinema em Porto Alegre.



Tenho alguns amigos que não pretendem votar na Dilma, um ou outro até diz que vai votar no Serra. Espero que sigam sendo meus amigos. Política, como ensina André Comte-Sponville, supõe conflitos: “A política nos reúne nos opondo: ela nos opõe sobre a melhor maneira de nos reunir”.

Leio diariamente o noticiário político e ainda não encontrei bons argumentos para votar no Serra, uma candidatura que cada vez mais assume seu caráter conservador. Serra representa o grupo político que governou o Brasil antes do Lula, com desempenho, sob qualquer critério, muito inferior ao do governo petista, a comparação chega a ser enfadonha, vai lá para o pé da página, quem quiser que leia. (1)

Ouvi alguns argumentos razoáveis para votar em Marina, como incluir a sustentabilidade na agenda do desenvolvimento. Marina foi ministra do Lula por sete anos e parece ser uma boa pessoa, uma batalhadora das causas ambientalistas. Tem, no entanto (na minha opinião) o inconveniente de fazer parte de uma igreja bastante rígida, o que me faz temer sobre a capacidade que teria um eventual governo comandado por ela de avançar em questões fundamentais como os direitos dos homossexuais, a descriminalização do aborto ou as pesquisas envolvendo as células tronco.

Ouço e leio alguns argumentos para não votar em Dilma, argumentos que me parecem inconsistentes, distorcidos, precários ou simplesmente falsos. Passo a analisar os dez mais freqüentes.

1. “Alternância no poder é bom”.

Falso. O sentido da democracia não é a alternância no poder e sim a escolha, pela maioria, da melhor proposta de governo, levando-se em conta o conhecimento que o eleitor tem dos candidatos e seus grupo políticos, o que dizem pretender fazer e, principalmente, o que fizeram quando exerceram o poder. Ninguém pode defender seriamente a idéia de que seria boa a alternância entre a recessão e o desenvolvimento, entre o desemprego e a geração de empregos, entre o arrocho salarial e o aumento do poder aquisitivo da população, entre a distribuição e a concentração da riqueza. Se a alternância no poder fosse um valor em si não precisaria haver eleição e muito menos deveria haver a possibilidade de reeleição.

2. “Não há mais diferença entre direita e esquerda”.

Falso. Esquerda e direita são posições relativas, não absolutas. A esquerda é, desde a sua origem, a posição política que tem por objetivo a diminuição das desigualdades sociais, a distribuição da riqueza, a inserção social dos desfavorecidos. As conquistas necessárias para se atingir estes objetivos mudam com o tempo. Hoje, ser de esquerda significa defender o fortalecimento do estado como garantidor do bem-estar social, regulador do mercado, promotor do desenvolvimento e da distribuição de riqueza, tudo isso numa sociedade democrática com plena liberdade de expressão e ampla defesa das minorias. O complexo (e confuso) sistema político brasileiro exige que os vários partidos se reúnam em coligações que lhes garantam maioria parlamentar, sem a qual o país se torna ingovernável. A candidatura de Dilma tem o apoio de políticos que jamais poderiam ser chamados de “esquerdistas”, como Sarney, Collor ou Renan Calheiros, lideranças regionais que se abrigam principalmente no PMDB, partido de espectro ideológico muito amplo. José Serra tem o apoio majoritário da direita e da extrema-direita reunida no DEM (2), da “direita” do PMDB, além do PTB, PPS e outros pequenos partidos de direita: Roberto Jefferson, Jorge Bornhausen, ACM Netto, Orestes Quércia, Heráclito Fortes, Roberto Freire, Demóstenes Torres, Álvaro Dias, Arthur Virgílio, Agripino Maia, Joaquim Roriz, Marconi Pirilo, Ronaldo Caiado, Katia Abreu, André Pucinelli, são todos de direita e todos serristas, isso para não falar no folclórico Índio da Costa, vice de Serra. Comparado com Agripino Maia ou Jorge Bornhausen, José Sarney é Che Guevara.

3. “Dilma não é simpática”.

Argumento precário e totalmente subjetivo. Precário porque a simpatia não é, ou não deveria ser, um atributo fundamental para o bom governante. Subjetivo, porque o quesito “simpatia” depende totalmente do gosto do freguês. Na minha opinião, por exemplo, é difícil encontrar alguém na vida pública que seja mais antipático que José Serra, embora ele talvez tenha sido um bom governante de seu estado. Sua arrogância com quem lhe faz críticas, seu destempero e prepotência com jornalistas, especialmente com as mulheres, chega a ser revoltante.

4. “Dilma não tem experiência”.

Argumento inconsistente. Dilma foi secretária de estado, foi ministra de Minas e Energia e da Casa Civil, fez parte do conselho da Petrobras, gerenciou com eficiência os gigantescos investimentos do PAC, dos programas de habitação popular e eletrificação rural. Dilma tem muito mais experiência administrativa, por exemplo, do que tinha o Lula, que só tinha sido parlamentar, nunca tinha administrado um orçamento, e está fazendo um bom governo.

5. “Dilma foi terrorista”.

Argumento em parte falso, em parte distorcido. Falso, porque não há qualquer prova de que Dilma tenha tomado parte de ações “terroristas”. Distorcido, porque é fato que Dilma fez parte de grupos de resistência à ditadura militar, do que deve se orgulhar, e que este grupo praticou ações armadas, o que pode (ou não) ser condenável. José Serra também fez parte de um grupo de resistência à ditadura, a AP (Ação Popular), que também praticou ações armadas, das quais Serra não tomou parte. Muitos jovens que participaram de grupos de resistência à ditadura hoje participam da vida democrática como candidatos. Alguns, como Fernando Gabeira, participaram ativamente de seqüestros, assaltos a banco e ações armadas. A luta daqueles jovens, mesmo que por meios discutíveis, ajudou a restabelecer a democracia no país e deveria ser motivo de orgulho, não de vergonha.

6. “As coisas boas do governo petista começaram no governo tucano”.

Falso. Todo governo herda políticas e programas do governo anterior, políticas que pode manter, transformar, ampliar, reduzir ou encerrar. O governo FHC herdou do governo Itamar o real, o programa dos genéricos, o FAT, o programa de combate a AIDS. Teve o mérito de manter e aperfeiçoá-los, desenvolvê-los, ampliá-los. O governo Lula herdou do governo FHC, por exemplo, vários programas de assistência social. Teve o mérito de unificá-los e ampliá-los, criando o Bolsa Família. De qualquer maneira, os resultados do governo Lula são tão superiores aos do governo FHC que o debate “quem começou o quê” torna-se irrelevante.

7. “Serra vai moralizar a política”.

Argumento inconsistente. Nos oito anos de governo tucano-pefelista - no qual José Serra ocupou papel de destaque, sendo escolhido para suceder FHC - foram inúmeros os casos de corrupção, um deles no próprio Ministério da Saúde, comandado por Serra, o superfaturamento de ambulâncias investigado pela “Operação Sanguessuga”. Se considerarmos o volume de dinheiro público desviado para destinos nebulosos e paraísos fiscais nas privatizações e o auxílio luxuoso aos banqueiros falidos, o governo tucano talvez tenha sido o mais corrupto da história do país. Ao contrário do que aconteceu no governo Lula, a corrupção no governo FHC não foi investigada por nenhuma CPI, todas sepultadas pela maioria parlamentar da coligação PSDB-PFL. O procurador da república ficou conhecido com “engavetador da república”, tal a quantidade de investigações criminais que morreram em suas mãos. O esquema de financiamento eleitoral batizado de “mensalão” foi criado pelo presidente nacional do PSDB, senador Eduardo Azeredo, hoje réu em processo criminal. O governador José Roberto Arruda, do DEM, era o principal candidato ao posto de vice-presidente na chapa de Serra, até ser preso por corrupção no “mensalão do DEM”. Roberto Jefferson, réu confesso do mensalão petista, hoje apóia José Serra. Todos estes fatos, incontestáveis, não indicam que um eventual governo Serra poderia ser mais eficiente no combate à corrupção do que seria um governo Dilma, ao contrário.

8. “O PT apóia as FARC”.

Argumento falso. É fato que, no passado, as FARC ensaiaram uma tentativa de institucionalização e buscaram aproximação com o PT, então na oposição, e também com o governo brasileiro, através de contatos com o líder do governo tucano, Arthur Virgílio. Estes contatos foram rompidos com a radicalização da guerrilha na Colômbia e nunca foram retomados, a não ser nos delírios da imprensa de extrema-direita. A relação entre o governo brasileiro e os governos estabelecidos de vários países deve estar acima de divergências ideológicas, num princípio básico da diplomacia, o da auto-determinação dos povos. Não há notícias, por exemplo, de capitalistas brasileiros que defendam o rompimento das relações com a China, um dos nossos maiores parceiros comerciais, por se tratar de uma ditadura. Ou alguém acha que a China é um país democrático?

9. “O PT censura a imprensa”.

Argumento falso. Em seus oito anos de governo o presidente Lula enfrentou a oposição feroz e constante dos principais veículos da antiga imprensa. Esta oposição foi explicitada pela presidente da Associação Nacional de Jornais (ANJ) que declarou que seus filiados assumiram “a posição oposicionista (sic) deste país”. Não há registro de um único caso de censura à imprensa por parte do governo Lula. O que há, frequentemente, é a queixa dos órgãos de imprensa sobre tentativas da sociedade e do governo, a exemplo do que acontece em todos os países democráticos do mundo, de regulamentar a atividade da mídia.


10. “Os jornais, a televisão e as revistas falam muito mal da Dilma e muito bem do Serra”.

Isso é verdade. E mais um bom motivo para votar nela e não nele.

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(1) Alguns dados comparativos dos governos FHC e Lula.

Geração de empregos:
FHC/Serra = 780 mil x Lula/Dilma = 12 milhões

Salário mínimo:
FHC/Serra = 64 dólares x Lula/Dilma = 290 dólares

Mobilidade social (brasileiros que deixaram a linha da pobreza):
FHC/Serra = 2 milhões x Lula/Dilma = 27 milhões

Risco Brasil:
FHC/Serra = 2.700 pontos x Lula/Dilma = 200 pontos

Dólar:
FHC/Serra = R$ 3,00 x Lula/Dilma = R$ 1,78

Reservas cambiais:
FHC/Serra = menos 185 bilhões de dólares  x Lula/Dilma = mais 239 bilhões de dólares

Relação crédito/PIB:
FHC/Serra = 14% x Lula/Dilma = 34%

Inflação:
FHC/Serra =12,5% (2002) x Lula/Dilma = 4,7% (2009)

Produção de automóveis:
FHC/Serra = queda de 20% x Lula/Dilma = aumento de 30%

Taxa de juros:
FHC/Serra = 27% x Lula/Dilma = 10,75%


(2) Elio Gaspari, na Folha de S.Paulo de 25.07.10:

José Serra começou sua campanha dizendo: "Não aceito o raciocínio do nós contra eles", e em apenas dois meses viu-se lançado pelo seu colega de chapa numa discussão em torno das ligações do PT com as Farc e o narcotráfico. Caso típico de rabo que abanou o cachorro. O destempero de Indio da Costa tem método. Se Tupã ajudar Serra a vencer a eleição, o DEM volta ao poder. Se prejudicar, ajudando Dilma Rousseff, o PSDB sairá da campanha com a identidade estilhaçada. Já o DEM, que entrou na disputa com o cocar do seu mensalão, sairá brandindo o tacape do conservadorismo feroz que renasceu em diversos países, sobretudo nos Estados Unidos. 


http://www.casacinepoa.com.br/o-blog/jorge-furtado/dez-falsas-raz%C3%B5es-para-n%C3%A3o-votar-na-dilma