quinta-feira, março 27, 2014

50 anos de golpe militar com o apoio da sociedade civil



          Estamos falando de uma data triste na história brasileira. Na década de 60 e 70 as ditaduras militares se alastraram como peste na América Latina. Todas elas tiveram o amplo apoio dos Estados Unidos da América que deram desde treinamento aos militares até ajuda financeira. A justificativa fatal para a barbárie responsável por milhares de mortos e desaparecidos foi o combate ao comunismo.
          Entidades que hoje vemos enquanto modelos de seriedades, OAB, CNBB, ABI, jornais de grande circulação, O Estado de SP, A Folha de SP, O Globo, Correio da Manhã, bem como também as emissoras de rádio e TVs, foram grandes avalistas do golpe e também mantenedores do regime autoritário que dominou o país. Para o historiador Daniel Aarão Reis, tais grupos viam o golpe como uma operação cirúrgica que salvaria o país. Talvez fosse o discurso do ex-presidente João Goulart a gota d’água para o golpe, talvez não. É possível que tudo já estivesse sendo traçado há muito tempo. Fala-se ainda que Castelo Branco havia prometido eleições livres em 1965, que se daria exatamente um ano após o golpe propriamente dito, promessa que havia motivado o apoio da sociedade civil ao regime.  Tal promessa jamais foi concretizada e setores da burguesia antes apoiadora começa a ficar descontente mesmo que em 1967 o Brasil entre em um ritmo alucinante de progresso material, “O milagre econômico galopante” como é característica do regime capitalista, originando a imensa desigualdade que conhecemos hoje.
          Para alguns, o AI5 em 1968 radicalizou o golpe e tinha como objetivo avisar a elite brasileira de que seu compromisso assumido teria que ser mantido. Já na década de 70 e 80 estas mesmas elites que compactuaram com os militares, passaram para campos opostos. Falavam de abertura política, de liberdade. Um discurso tardio porque foram eles que deram a injeção de alienação á todo um povo pobre e trabalhador. Lucraram anos a fio com o regime, enriqueceram suas gerações. As famílias mais ricas da nação tiveram suas fortunas originarias durante a ditadura. Empresários dos ramos de comunicação obtiveram suas empresas expandidas para todo Brasil. Infelizmente ainda vemos alguns dos filhotes da ditadura em grandes cargos na política Brasileira e em grandes companhias no país. Ao contrario de outros países da América Latina onde a liberdade foi conquistada, muitas vezes com a luta armada, no Brasil, torturadores militares ainda estão impunes. Temos um batalhão de assassinos soltos. O que empobrece o Brasil.
          Em contra partida vimos serem formados os comitês da Verdade e da Justiça, pelo próprio clamor da sociedade, que desejam saber onde foram enterrados os seus desaparecidos que sofreram mortes tenebrosas durante a ditadura. Um trabalho árduo realizado por combatentes contrários á ditadura, que sobreviveram para narrar a uma população hipnotizada por BBB, novelas globais, noticiosos suspeitos e manipuladores, de buscar a verdade. Isso não basta, as forças armadas, tem o dever de abrir seus arquivos, punir torturadores, colocar na cadeia, seus líderes. Um dos eventos de preparação para o regime de terror foi  a Marcha pela família e com Deus. Na semana passada, também no dia 22 de março foram organizadas marchas por todo país, e todas fracassaram, uma delas (infelizmente não me recordo a cidade), teve um número expressivo de seis pessoas. Militares da reserva e políticos safados estavam apoiando este movimento demoníaco. Deus nunca participou. E penso que as pessoas que participaram deste ato o fizeram por pura ignorância e desconhecimento da verdade.  
          Em países como Uruguai e Argentina, torturadores foram punidos e postos nas celas onde devem acabar os seus dias. Falta ao Brasil honrar a memória de pessoas que realmente lutaram pela liberdade da nação e deram suas vidas por este ideal. REGIME MILITAR NO BRASIL, NUNCA MAIS.



segunda-feira, março 17, 2014

À volta do regime militar???JAMAIS

     
      O ano de 1983 foi marcante na minha vida, entrava na faculdade de ciência com habilitação em física, na PUCRS. Sonhava em ser física nuclear e acreditava que a física responderia a todos meus anseios. Estava enganada e acabaria entrando no movimento estudantil e na militância onde continuo até hoje e me formando anos depois em jornalismo. 
           Fiz parte de uma célula, uma tendência petista chamado O Trabalho. O PT dava seus primeiros passos. Olívio Dutra e outros trabalhadores disputavam espaço nos partidos tradicionais, com idéias de melhoria de vida para todos, principalmente para os trabalhadores explorados. Foi o ano de criação da CUT, Central Única dos Trabalhadores. Foi o ano também que organizamos uma greve na PUCRS e eu peguei minha primeira comissão de inquérito para expulsão da universidade.
          De lá pra cá, muita coisa mudou, o lema que defendíamos – Trabalhador vota em trabalhador, ficou ultrapassado. Aliviamos nossos discursos para que todas as classes fossem englobadas dentro de uma visão mais ampla de partido. Hoje estamos no poder, chegar até o topo nos custou um alto preço e percalços ao longo do caminho. Lutamos contra um regime opressor, o regime militar e ainda lutamos contra os filhotes da ditadura que em nome da família, tradição e propriedade, tentam desesperadamente manter o controle de um Brasil imenso e impregnado de mudanças.
          Quando entrei no movimento, conheci muitas pessoas que tinham uma visão da luta de classe, de ideologia, que eu não fazia a menor idéia. Soube que milhares de pessoas tinham perdido a vida torturados pelos militares. Havia um rapaz da engenharia que certa vez começou a ler um livro onde se descrevia a tortura no Brasil. Que mundo era aquele, onde eu estava, que não percebia nada disso. Foi um choque e até hoje não me recuperei.

           As mudanças que o Brasil passou são visíveis e mesmo atrasados em relação a outros países da America Latina, onde os regimes militares se expandiram como uma praga, nós buscamos a verdade mesmo que timidamente, no meu ponto de vista. Hoje temos relatos terríveis de tudo o que passamos, através dos comitês da Verdade e da Justiça. Foram anos de história suja e sanguinária Essa praga ainda continua a disseminar a ignorância entre a população. Esta sendo chamada uma marcha destes filhotes flagelados da ditadura no próximo dia 22 de março. Uma afronta a toda transformação que passa a sociedade brasileira. Ditadura nunca mais, punição para os torturadores, cadeia para os criminosos que mataram crianças, jovens e adultos. Temos que repudiar, denunciar em todos os veículos de comunicação, principalmente a internet. Sabemos que a ditadura não atuou solitária. Tiveram ajuda da Rede Globo e de outros veículos de comunicação, cujo enriquecimento de Roberto Marinho foi proporcional ao reinado da ditadura. Veículos grandiosos que ainda hoje continuam tentando influenciar a população para seu modo de visão do mundo. Onde o rico se safa e o pobre se ferra. Temos que dar um basta. Hoje infelizmente, a tortura ainda existe na policia que corre atrás do jovem negro e pobre da favela. Denuncie essa marcha, mostre do jeito que for, o horror que isso representa ao país. Não podemos mais aceitar apologia ao crime de forma explicita e vergonhosa. TORTURA NUNCA MAIS. MILITARES NO PODER – JAMAIS.