Estamos falando de uma data triste na
história brasileira. Na década de 60 e 70 as ditaduras militares se alastraram
como peste na América Latina. Todas elas tiveram o amplo apoio dos Estados
Unidos da América que deram desde treinamento aos militares até ajuda
financeira. A justificativa fatal para a barbárie responsável por milhares de
mortos e desaparecidos foi o combate ao comunismo.
Entidades que hoje vemos enquanto
modelos de seriedades, OAB, CNBB, ABI, jornais de grande circulação, O Estado
de SP, A Folha de SP, O Globo, Correio da Manhã, bem como também as emissoras
de rádio e TVs, foram grandes avalistas do golpe e também mantenedores do
regime autoritário que dominou o país. Para o historiador Daniel Aarão Reis,
tais grupos viam o golpe como uma operação cirúrgica que salvaria o país.
Talvez fosse o discurso do ex-presidente João Goulart a gota d’água para o
golpe, talvez não. É possível que tudo já estivesse sendo traçado há muito
tempo. Fala-se ainda que Castelo Branco havia prometido eleições livres em
1965, que se daria exatamente um ano após o golpe propriamente dito, promessa
que havia motivado o apoio da sociedade civil ao regime. Tal promessa jamais foi concretizada e
setores da burguesia antes apoiadora começa a ficar descontente mesmo que em
1967 o Brasil entre em um ritmo alucinante de progresso material, “O milagre
econômico galopante” como é característica do regime capitalista, originando a
imensa desigualdade que conhecemos hoje.
Para alguns, o AI5 em 1968
radicalizou o golpe e tinha como objetivo avisar a elite brasileira de que seu
compromisso assumido teria que ser mantido. Já na década de 70 e 80 estas
mesmas elites que compactuaram com os militares, passaram para campos opostos.
Falavam de abertura política, de liberdade. Um discurso tardio porque foram
eles que deram a injeção de alienação á todo um povo pobre e trabalhador.
Lucraram anos a fio com o regime, enriqueceram suas gerações. As famílias mais ricas
da nação tiveram suas fortunas originarias durante a ditadura. Empresários dos
ramos de comunicação obtiveram suas empresas expandidas para todo Brasil.
Infelizmente ainda vemos alguns dos filhotes da ditadura em grandes cargos na
política Brasileira e em grandes companhias no país. Ao contrario de outros
países da América Latina onde a liberdade foi conquistada, muitas vezes com a
luta armada, no Brasil, torturadores militares ainda estão impunes. Temos um
batalhão de assassinos soltos. O que empobrece o Brasil.
Em contra partida vimos serem
formados os comitês da Verdade e da Justiça, pelo próprio clamor da sociedade,
que desejam saber onde foram enterrados os seus desaparecidos que sofreram
mortes tenebrosas durante a ditadura. Um trabalho árduo realizado por
combatentes contrários á ditadura, que sobreviveram para narrar a uma população
hipnotizada por BBB, novelas globais, noticiosos suspeitos e manipuladores, de
buscar a verdade. Isso não basta, as forças armadas, tem o dever de abrir seus
arquivos, punir torturadores, colocar na cadeia, seus líderes. Um dos eventos
de preparação para o regime de terror foi a Marcha pela família e com Deus. Na semana
passada, também no dia 22 de março foram organizadas marchas por todo país, e todas
fracassaram, uma delas (infelizmente não me recordo a cidade), teve um número
expressivo de seis pessoas. Militares da reserva e políticos safados estavam
apoiando este movimento demoníaco. Deus nunca participou. E penso que as
pessoas que participaram deste ato o fizeram por pura ignorância e
desconhecimento da verdade.
Em países como Uruguai e Argentina,
torturadores foram punidos e postos nas celas onde devem acabar os seus dias.
Falta ao Brasil honrar a memória de pessoas que realmente lutaram pela
liberdade da nação e deram suas vidas por este ideal. REGIME MILITAR NO BRASIL,
NUNCA MAIS.